Meu tio cortando meus cabelos estilo "Joãozinho". Ele fingia ser um cabeleireiro francês renomado e a cada tesourada fazia tanta graça que eu não tive espaço para chorar.
Olhar-me no espelho e dar tchau para o visual assustador da queda de cabelos antes de encarar a máquina zero.
Os últimos toquinhos de cabelo caídos sobre meu corpo na hora do banho, fizeram-me parecer um imenso bombom granulado.
Minha mãe voltar a me chamar de "meu Bebê".
Ganhar apelidos dos amigos. ( ET, Sigoumey de Alien, Kojak ) adoro esses personagens.
Ver duas sobrinhas num dilema paradoxal. Enquanto uma chorava compulsivamente ao me ver careca, a outra ria descontroladamente.
Tomar banho com touca plástica na cabeça ou desviar a cabeça pensando não estar molhando os cabelos.
Ver as variadas emoções das pessoas em suas sugestões. Umas pedem para eu colocar o lenço quando ensaio sair careca e, outras, quando ensaio sair de lenço, pedem que eu assuma a careca.
Atender a campainha da casa, sem o lenço e ver as caras e bocas que pessoas estranhas fazem, quando me olham espantadas.
2 comentários:
Marina,
Tenho acompanhado seus textos. Estou impressionada. Tristes, sem ser piegas, realistas com toques de humor delicado, que mais fazem sorrir do que rir...Palavras exatas, nem mais nem menos...Você nos traz o dilema da leveza do texto no contexto da situação dura do câncer.
Você vai se curar, pode estar certa. Mas nunca pare de escrever para nós.
Beijo na sua alma.
Vera Jardim
Querida amiga, vejo a sua foto na versão careca, me assustei, não vou mentir... olho de novo e vejo a minha mesma amiga de anos...20 anos... e vejo a mesma mulher determinada, corajosa e que tem um enorme amor pela vida. Tenho certeza que você vence!!!
Agora esta sua veia de escritora eu ainda não connhecia... você escreve super bem,estou admirada. Assino embaixo do que escreveu Vera Jardim...
Beijos ...Feliz 2008!!!
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